Pesquisador da Unicentro conclui missão científica na China

11/11/2025 14H10

O professor do Departamento de Física da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) e integrante do Grupo de Física Aplicada a Materiais (GFAMa), Valdirlei Fernandes Freitas, concluiu uma missão científica no Center for Micro-Nano Innovation, da Beihang University, uma das mais prestigiosas instituições de pesquisa da China nas áreas de engenharia de circuitos integrados (microchips). A missão integrou o programa de cooperação científica do Instituto Beihang Brasil Center, criado a partir de um acordo entre os governos do Brasil e da China, com o objetivo de aproximar pesquisadores dos dois países e promover projetos conjuntos de pesquisa e inovação tecnológica.

Durante o período na China, Valdirlei ministrou aulas para alunos de pós-graduação, apresentou resultados de pesquisas conduzidas no GFAMa/Unicentro e realizou visitas técnicas a empresas e startups spin-off da Beihang University, incluindo a Truth Instruments Scientific, especializada em instrumentação científica de alta precisão. Essas experiências permitiram conhecer modelos de inovação tecnológica e transferência de conhecimento entre a universidade e o setor produtivo, reforçando o papel da ciência aplicada como vetor de desenvolvimento econômico e tecnológico.

“Foi interessante conhecer esse modelo de negócio das startups chinesas, que nascem como um spin-off das universidades. Em uma delas havia um painel escrito em chinês que dizia ‘os pesquisadores brasileiros oferecem instruções para nossos pesquisadores’. Isso mostra o quanto valorizam o conhecimento que produzimos aqui”, destacou o docente.

A programação também incluiu a participação no 2º Beihang–Brazil Innovation Forum, realizado no Campus Internacional da Beihang University, em Hangzhou. O evento reuniu pesquisadores de diferentes áreas e teve como destaque o Spintronics and Magnetism Forum, dedicado ao intercâmbio de conhecimentos sobre materiais multifuncionais, spintrônica e magnetismo. Os debates abordaram os principais desafios e perspectivas para o desenvolvimento de materiais e dispositivos avançados, fundamentais para consolidar as bases científicas da nova geração de chips e tecnologias emergentes.

O evento abriu espaço para firmar acordos de cooperação em ciências básicas aplicadas à produção de chips, área considerada estratégica para o avanço da computação quântica, da inteligência artificial e das tecnologias energéticas emergentes. “Nós já temos alinhado um projeto conjunto: vamos produzir materiais aqui que eles transformarão em dispositivos lá. Também foi firmado um acordo para intercâmbio de alunos, permitindo que estudantes da Unicentro possam desenvolver parte da formação na China e a vinda de estudantes chineses para cá”, explicou.

Além da intensa agenda científica, o pesquisador destacou a experiência cultural como um aspecto marcante da missão. Ele observou diferenças significativas entre os costumes orientais e ocidentais, especialmente na forma de interação social e na rotina das refeições. “A cultura chinesa é muito distinta da nossa. Desde o modo como as pessoas se tratam até os hábitos alimentares, tudo é diferente. A língua também foi uma barreira, já que poucos chineses falam inglês fora das universidades”, relatou.

Valdirlei trouxe aprendizados práticos que serão aplicados nos laboratórios da Unicentro, especialmente no que se refere à execução de experimentos e controle de qualidade. Segundo ele, o rigor técnico observado nas universidades chinesas servirá de inspiração para aprimorar a metodologia de pesquisa no Brasil. “O que mais me chamou atenção foi o cuidado com limpeza, controle de acesso e rigor. Esses detalhes são essenciais para transformar ciência básica em tecnologia, e são práticas que pretendemos implementar aqui”, afirmou.

(Por Poliana Kovalyk)

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