Teatro da UTFPR Guarapuava terá o nome da engenheira Enedina Alves Marques; inauguração ocorre nesta sexta (30)

Enedina foi a primeira mulher negra do Brasil a atuar na engenharia civil; Teatro será o maior da região Centro-Oeste

30/05/2025 14H50

Engenheira Enedina Alves Marques será o nome do maior Teatro da região Centro-Oeste do Paraná que inaugura nesta sexta-feira (30 de maio), às 19h no Campus Guarapuava da UTFPR. A homenagem foi aprovada pelo Conselho do Campus após consulta a servidores e estudantes da instituição. A inauguração será um momento histórico para a Universidade e toda a sociedade que conta agora com um novo espaço para eventos culturais. Com capacidade para 508 pessoas, o espaço teve um investimento de R$ 4,5 milhões para a retomada e finalização das obras.

O nome Enedina foi escolhido pelo potencial da representatividade como mulher negra e periférica que, nos anos de 1940, trabalhou como professora e diarista para custear o curso preparatório para a seleção do curso de Engenharia Civil da UFPR. “Esse é um momento histórico para toda a nossa comunidade acadêmica e para a sociedade, teremos o maior Teatro da região e um nome muito representativo que demonstra a força das mulheres, da inclusão e da diversidade em todos os espaços da sociedade”, destacou o diretor do Campus Marcelo Henrique Granza.

ENEDINA ALVES MARQUES

Enedina tem uma história de vida de muita luta, determinação e coragem. Mulher negra e periférica, nos anos de 1940, trabalhou como professora e diarista para custear o curso preparatório para a seleção do curso de Engenharia Civil da UFPR. Formou-se engenheira civil, sendo a primeira engenheira do Paraná e primeira engenheira negra do Brasil.

Segundo sua biografia, durante a infância, Enedina ajudava a mãe com o serviço doméstico, na casa do militar Domingos Nascimento, em troca de estudos. Após formada, ela trabalhou em grandes obras no estado do Paraná como o Colégio Estadual do Paraná, a Casa do Estudante Universitário de Curitiba e a Usina Capivari-Cachoeira, atualmente a maior central hidrelétrica subterrânea do sul do país, localizada em Antonina.

Enedina não teve o reconhecimento do seu trabalho em vida. Somente a partir do ano de 2015, quando foi homenageada pela UFPR, passou a receber o reconhecimento de seu trabalho e trajetória de vida. A história de Enedina, mulher, negra, periférica, paranaense, formada em Engenharia Civil na UFPR (curso que também é ofertado pelo Campus Guarapuava), pioneira na sua área de formação e trabalho, é uma inspiração para mulheres e meninas.

“Com o teatro do Campus Guarapuava recebendo seu nome, Guarapuava e toda a região terão oportunidade de conhecer sua história, que é muito inspiradora e merece ser conhecida. Quando, por razões de gênero, raça, renda e classe social, uma sociedade lhe diz ‘isso não é para você’, Enedina traz a importante mensagem: ‘É possível, você pode!!!’”, argumentou a chefe de gabinete do Campus Guarapuava da UTFPR, Moniely Campus.

A escolha do nome também vai de encontro com as ações do Campus Guarapuava. Seu nome e sua história já são trabalhados em ações do projeto de extensão UTFeMeninas, que tem por objetivo o fortalecimento do ingresso e permanência de mulheres nas áreas de Engenharia e Tecnologia.

“Com o nome da Enedina fortalecemos a presença feminina em um importante espaço, não apenas no Campus Guarapuava, como na Cidade de Guarapuava e região. Neste sentido cabe lembrar que a UTFPR, fundada em 1909 como Escola de Aprendizes e Artífices, cujo ensino era destinado a garotos de camadas menos favorecidas da sociedade, chamados de ‘desvalidos da sorte’, atualmente ainda é um ambiente predominantemente masculino. A presença feminina hoje é de apenas 26% do total de estudantes”, explicou Moniely.

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