Rede de Proteção da Criança e do Adolescente de Guarapuava promove debate étnico-racial
O encontro teve o objetivo de discutir o surgimento do racismo nas instituições, bem como as marcas deixadas pelo preconceito na sociedade
Nessa segunda-feira (20 de novembro), a Rede de Proteção da Criança e do Adolescente de Guarapuava (PCA), promoveu a palestra e debate étnico-racial em alusão ao Dia Nacional da Consciência Negra. O evento realizado no Salão Nobre do Centro Universitário Campo Real, discutiu sobre como o racismo aparece nas instituições, bem como suas marcas impactam diretamente na vida das pessoas. As discussões foram acerca das novas formas de sociabilidade.
“Estamos em fase de retomada do Conselho Municipal de Igualdade Racial. Eu fico extremamente honrada em poder fazer parte deste momento e conseguir aprender cada vez mais sobre esse tema que é tão importante. A Lei é de 2018 e estamos com muita expectativa que por meio do Conselho, vamos conseguir realizar ações e concretizar políticas públicas, não somente no mês de novembro, mas durante o ano todo. Nossa ênfase é, principalmente, na criança e no adolescente”, salientou a secretária de Assistência e Desenvolvimento Social de Guarapuava, Elenita Lodi.
“No ano passado, nós já realizamos este mesmo evento, mas o público que participou, foi apenas de servidores do COMDICA (Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente) e integrantes da Rede de Proteção da Criança e do Adolescente (PCA). Este ano já conseguimos notar um grande avanço, com a participação de entidades e da sociedade civil guarapuavana. São iniciativas como esta, que fazem com que consigamos pensar diferente e correr atrás, cada vez mais, de políticas públicas que realmente transformem a vida de pessoas e da sociedade. Exemplos disso, são a concretização da Casa de Passagem Indígena e da Criança e do Adolescente. Isso nos motiva a lutar cada vez mais por essas causas tão nobres”, completou Elenita.
O mês de novembro é referência para atividades que inspiram a luta, resistência do povo negro, que historicamente tem sido os sujeitos do enfrentamento ao racismo articulado nas diversas esferas da sociedade.
Em 20 de novembro, é lembrada a morte de Zumbi dos Palmares, último líder do quilombo dos Palmares, assassinado em 1695.
Representando o secretário de educação de Guarapuava, Pablo de Almeida, a presidente do COMDICA, Tiene Milca Duarte Almeida, destaca a importância de integrar a temática aliada às atividades desenvolvidas dentro de sala de aula. “O nosso secretário Pablo, sempre destaca a importância e o quanto se faz extremamente necessário que seja abordado e aproxime cada vez mais esse tema dentro da sala de aula. A partir daqui, tenho a certeza de que vamos conseguir instigar a sociedade a tratar com mais atenção sobre este assunto. Além disso, quero frisar que dentro do nosso Conselho, já desenvolvemos diversas atividades com as crianças. E é preciso que seja falado cada vez mais para que as crianças aprendam que o racismo é crime e que é preciso mudar essa realidade que infelizmente ainda é tão presente em nosso dia a dia” , destacou.
“Este evento nos leva a refletir e a mergulhar neste assunto tão importante. Além disso, nos fortalece enquanto Rede e isso só faz com que as nossas crianças estejam cada vez mais protegidas. Agradeço aos organizadores do encontro e a todos que estão presentes pelo convite”, argumentou a coordenadora da Rede PCA, Isabella Menon.
Representando o Conselho Municipal de Promoção e Igualdade Racial (COMPIRG), Ana Paula Claro, falou sobre sua jornada e ressaltou a importância da existência do Conselho para que se fortaleça as práticas e a criação de políticas públicas voltadas à igualdade racial no município.
“Eu cheguei no município com quatro anos, e percebo, o quanto ainda é muito difícil, como pessoa negra, viver em Guarapuava. Graças a Deus tive uma base familiar muito boa. Meu pai sempre nos incentivou a estudar e a ficar longe das ruas e com isso posso dizer que a educação transformou a minha vida. Por isso, é tão emergente que seja esta pauta seja levada até o ambiente escolar, que sejam criadas mais políticas públicas voltadas para a igualdade racial, para que outras crianças, principalmente as crianças e adolescentes pretas, possam ser transformadas também”, destacou.
PALESTRA E DEBATE ÉTNICO-RACIAL
Dan Junior Alves, ministrou a palestra “História de Maria Águeda”. Dan é assistente social do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná (TJPR) e atualmente é doutorando em Serviço Social pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). E explicou que Maria Águeda, foi uma mulher livre e negra, vinda da região de Tindiquera, hoje Araucária, região Metropolitana da Capital do Estado do Paraná. Na Curitiba de 1804, ela se negou a obedecer ordens da esposa do capitão-mor da vila e, por isso, foi levada à prisão, tornando-se um dos símbolos da cultura afro-paranaense.
“Maria Aguida foi uma mulher muito importante. Ela mobilizou e levantou pautas em nosso Estado, a partir de um posicionamento e de uma decisão. A sua essência representa muito a minha trajetória e a minha forma de caminhar, assim como de muitas outras pessoas negras. E Com isso, espero que possamos sair daqui, compreendendo qual é o papel sobre esse debate racial, que devemos exercer em diferentes esferas e espaços da sociedade”, pontuou Dan.
Estiveram presentes durante o evento, servidores da prefeitura de Guarapuava, acadêmicos e integrantes de entidades socioassistenciais, além de autoridades e membros da sociedade civil.
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