Projeto da Unicentro fortalece ações de prevenção ao câncer de colo do útero em Guarapuava

O projeto alia aprendizado técnico e compromisso com a comunidade

12/10/2025 14H10

Durante o Outubro Rosa, mês de conscientização sobre a prevenção ao câncer de mama e de colo do útero, a Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) destaca uma iniciativa que vem transformando a saúde de centenas de mulheres guarapuavanas. Em parceria com a Prefeitura Municipal, um projeto criado em 2018 fortalece as ações de prevenção por meio da análise gratuita de amostras coletadas durante os exames preventivos realizados nas unidades básicas de saúde da Vila Carli e do Bonsucesso.

O projeto alia aprendizado técnico e compromisso com a comunidade.

Após a coleta do material de secreção vaginal nas UBSs, as amostras são encaminhadas ao Laboratório de Microbiologia Clínica e Pesquisa de Fungos Patogênicos da Unicentro. “Muitas vezes, a mulher nem imagina que tem uma infecção fúngica ou bacteriana. Com o exame realizado aqui, é possível identificar o problema e garantir que o médico indique o tratamento adequado”, explicou o professor do Departamento de Farmácia e coordenador do laboratório, Marcos Ereno Auler. Somente em 2025, já foram realizados cerca de 170 exames, totalizando aproximadamente 1.180 mulheres atendidas desde o início da ação.

Considerado um dos maiores desafios da saúde pública, o câncer de colo do útero continua a impactar negativamente a saúde das mulheres. No Brasil, é o terceiro tipo de câncer mais incidente entre o público feminino e o quarto em número de mortes, de acordo com dados recentes do Instituto Nacional de Câncer (Inca).

Segundo o professor Marcos, o projeto na Unicentro envolve graduação, pós-graduação, extensão e iniciação científica em um movimento de grande relevância social, científica e educacional. “A iniciativa é de extrema importância tanto do ponto de vista da pesquisa quanto da extensão. Os alunos têm contato direto com os pacientes e vivenciam a realidade da nossa comunidade, unindo prática clínica e laboratorial. Isso mostra, na prática, o papel essencial da universidade pública, gratuita e de qualidade na promoção da saúde e no desenvolvimento regional”, enfatiza o docente.

As amostras coletadas nas unidades básicas de saúde passam por uma série de análises. A acadêmica de Farmácia, Luisa Schon, explica que o processo envolve diversas etapas. “Fazemos a coloração de Gram – método de coloração de bactérias – e a análise microscópica. A partir disso, identificamos a presença de patógenos, como bactérias, fungos e possíveis casos de vaginose bacteriana ou fúngica”. Segundo ela, os resultados são concluídos em cerca de 15 dias. “Também realizamos o exame a fresco para detectar o Trichomonas vaginalis, um parasita que pode estar presente na microbiota vaginal das mulheres”, detalha.

A estudante Gabriely Diduch Meurer ressalta o caráter social e formativo do projeto, que alia aprendizado técnico e compromisso com a comunidade. “É gratificante saber que estamos ajudando mulheres com exames importantes e totalmente gratuitos. E também aprendemos muito, indo além do conteúdo aprendido na graduação”, conta a estudante.

O trabalho vai além das análises laboratoriais, envolvendo o cuidado emocional durante a coleta e a anamnese por meio do trabalho da psicóloga Beatriz Lunes Lapera. “Há muito estigma e tabu em torno da saúde da mulher. Quando falamos de infecções, como candidíase ou vaginose, não podemos esquecer o que fez a paciente chegar ali, que pode estar passando por dificuldades, preocupações, estresse e outros fatores psicossociais. É fundamental acolher corretamente essas mulheres, entendendo suas fragilidades”, observa.

Para a psicóloga, o contato com profissionais de diferentes áreas, como médicos, enfermeiros e farmacêuticos, amplia a formação dos estudantes e reforça o caráter humano e integrador do projeto. “Tem sido uma experiência interdisciplinar e muito plural. Essa troca constante de saberes nos permite pensar numa formação mais completa, tanto acadêmica quanto profissionalmente. Além disso, o conhecimento produzido aqui tem impacto direto na vida das pacientes, pois contribui para diagnósticos mais precisos e para uma terapêutica mais adequada”, completa.

O professor Marcos Auler reforça que o Outubro Rosa é um lembrete importante, mas o cuidado deve ser contínuo. “A mulher precisa realizar o exame preventivo todos os anos, não apenas em outubro. Projetos como esse mostram que a prevenção e a educação em saúde são caminhos fundamentais para reduzir os índices dessa doença, que ainda é um grave problema de saúde pública”.

(Por Poliana Kovalyk)

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