Debutantes...

* Por Mauro Biazi

26/01/2025 09H10

* Por Mauro Biazi

Nunca fui a um. O máximo que chegava perto era das fotos espalhadas por algumas lojas da cidade. Escrevo sobre os bailes de debutantes, tão comum até alguns anos atrás.

A proximidade do evento atiçava a cidade. Era um tal de pais viajando à capital para confecção do vestido da menina moça que, se houvesse pedágio naquele tempo, nunca os ladrões de estradas faturariam tanto. A sociedade toda ficava em alvoroço nos preparativos de trajes para a noite engalanada. E era Paluch, Idilson, Carlinhos, atolados até o pescoço com tantos pedidos de smoking, gravata borboleta, camisa social, sapatos e meias. As costureiras, e me lembro da dona Antoninha, se viravam nos trinta para dar conta dos inúmeros pedidos de mães, tias, avós e madrinhas.

Floriculturas reforçavam o estoque de flores pra Holambra, tanto pra decorar o aristocrático, ou o Guarapuava, que faltavam flores no resto do Brasil.

Por várias vezes, por conta da função de florista que havia exercido em Irati, ajudei a Orquídea Flores na ornamentação de igreja e dos clubes.

O comentário corria solto nos salões de beleza, bem como a marcação de horários tanto para as debús quanto pra família e amigas. Enfim, a cidade se transformava. Era, realmente, o acontecimento do ano.

Eu não fui a nenhum baile de debutantes. Observava aqueles retratos expostos na Instaladora Americana e deixava a imaginação ganhar asas, voar até o salão na noite glamurosa pra avistar aquela menina moça rodopiando nos braços de Lauro Corona, o global escolhido por 10 entre 10 debutantes daquele ano.

Tempos depois o CTG também entrou na onda e apresentava suas prendas jovens num baile concorrido e sonorizado por grupos gauchescos de ponta.

Resumão: findo o baile as não mais meninas, agora moças, trocavam bonecas por namorados e o mundo girava mais depressa. Era chegado o tempo de uma certa liberdade, permissão para saídas e cinemas, oficializar pedidos de namoro...e vida que seguia.

(Outras centenas de crônicas como esta no livro Era uma vez...em Guarapuava. Preço: 50,00)

Mauro Biazi

Mauro Xavier Biazi, jornalista/escritor/fotógrafo/promotor de eventos culturais/ gastronômicos, e uma infinidade de outras atividades, usa das palavras para rascunhar recortes de uma vida de tantos feitos e fatos.

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