Com apoio do IDR-Paraná, produtores adotam novas técnicas de cultivo do morango

DR-Paraná presta assistência e capacita produtores nesta tecnologia, que tem alta rentabilidade e pouco uso de agrotóxicos

17/07/2021 16H00

A Região Metropolitana de Curitiba é o maior polo de cultivo de morangos do Paraná, com cerca de 800 produtores. Atualmente, uma boa parte da fruta não vem do cultivo tradicional em canteiros, mas de bancadas elevadas e protegidas por estufas. O Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná-Iapar-Emater (IDR-Paraná) presta assistência e capacita os produtores para uso desta tecnologia.

Segundo o extensionista Luis Gustavo Lorga, do IDR-Paraná de Campo do Tenente, a técnica do cultivo elevado e semi-hidropônico confere mais conforto aos trabalhadores, tem alta rentabilidade e possibilita maior controle dos plantios, diminuindo o uso de agrotóxicos para combater pragas e doenças.

Foram essas vantagens que atraíram a atenção de Rosana Gabardo Pallu, de Mandirituba, que até dois anos atrás era confeiteira. Ela viu no cultivo de morango a possibilidade de concretizar o desejo de viver da produção agrícola e aumentar sua renda.

Depois de passar por cursos de capacitação promovidos pelo IDR-Paraná e pelo Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) Rosana e o marido, José Marcos, construíram uma estufa para plantar morangos, no sistema semi-hidropônico elevado.

Hoje a propriedade do casal produz 1.000 quilos do fruto por mês e Rosana tem compradores certos. Enquanto a cooperativa do município é formalizada, os morangos da propriedade são vendidos para alguns intermediários e também para uma rede de supermercados. O negócio vai tão bem que o casal já está finalizando uma outra estufa, com mais 10 mil plantas.

"Estamos tendo uma boa renda com o morango e estou feliz por trabalhar no campo. Nesse sistema de cultivo elevado o trabalho é muito fácil. Trabalhamos em três pessoas, meu marido, eu e minha irmã", conta Rosana. 

CAPACIDADE PRODUTIVA 

O extensionista Luis Gustavo Lorga explica que a popularização do cultivo elevado e semi-hidropônico se dá pelas vantagens que oferece ao proprietário rural. "É um método ergonômico. Como a bancada fica a quase um metro do solo, o trabalhador pode fazer a colheita e o manejo em pé. Isso aumenta a capacidade produtiva por pessoa”, diz Lorga.

No cultivo tradicional, em canteiros, um trabalhador consegue cuidar de 2 mil plantas. Já no cultivo elevado esse número salta para 4 mil plantas por pessoa. “Para o produtor rural que usa mão de obra familiar isso é uma grande vantagem", destaca o extensionista.

Outro ganho para o produtor, segundo ele, é que o cultivo é feito em bolsas plásticas (labs) ou calhas, sobre um substrato previamente preparado. As plantas recebem todos os nutrientes que precisam por meio do sistema de irrigação.

"Dessa maneira se trabalha em um ambiente mais controlado e plantas mais saudáveis, com baixa incidência de doenças e menos pragas. O uso de agrotóxicos também diminui, gerando mais saúde para o produtor", esclarece.

Ele acrescenta que o agricultor pode adotar o MIP (Manejo Integrado de Pragas), usar caldas alternativas com produtos a base de microorganismos biológicos, eliminando o uso de produtos químicos. “Só não é orgânico porque as plantas recebem adubos solúveis, mas o produtor pode eliminar totalmente o uso de agrotóxicos", destaca.

PEQUENOS ESPAÇOS 

Essa tecnologia é indicada sobretudo para pequenos espaços. Segundo o técnico do IDR-Paraná, uma estufa com 350 metros quadrados, onde 3,5 mil plantas são cultivadas, pode render até R$ 35 mil brutos por ano. Para esse cálculo, ele considera uma produtividade de um quilo de fruta por pé, ao ano, e um preço médio anual de R$ 10 por quilo.

As mudas de morango são importadas do Chile, Argentina e Espanha e sua longevidade depende do manejo feito pelo produtor. Atualmente são plantadas na Região Metropolitana de Curitiba as cultivares San Andrea e Albion. O extensionista ressalta que produtor deve se planejar, adequando-se aos períodos de maior oferta de mudas.

O substrato pode ser encontrado pronto no mercado. Lorga informou que o IDR-Paraná acompanhou a produção desse material por uma indústria de São José dos Pinhais. Dessa maneira, foi possível fazer um produto que usa material vegetal reciclado e substituir o substrato tipo vermiculita importada pelo substrato espuma fenólica moída, o que diminuiu os custos.

COMERCIALIZAÇÃO 

A produção de morango começa em junho/julho e aumenta gradativamente até atingir o pico entre dezembro e janeiro. O maior problema na comercialização ainda é a presença dos intermediários. O extensionista do IDR-Paraná acompanha a negociação de um grupo de 30 produtores com a Ceasa.

O objetivo é que a Cooperativa dos Produtores de Mandirituba passe a vender a produção no Mercado do Produtor, de Curitiba.

Outra alternativa para o produtor é beneficiar a fruta. "Ainda vem muito morango do Rio Grande do Sul e Minas Gerais, derrubando o preço no fim do ano. Uma opção é transformar a fruta em geleias e polpas", explicou.

Ao longo do ano a produção local é insuficiente para abastecer o mercado, o que permite a entrada da produção de outros estados.

SANIDADE

 A Coop Hort, de São José dos Pinhais, e o IDR-Paraná estão trabalhando, ainda, na definição de um protocolo de sanidade para o morango. A ação é parte do Pro Metropoli, programa que incentiva ações de desenvolvimento para os municípios da RMC. A cooperativa também vai facilitar o acesso dos produtores a insumos, produtos biológicos e embalagens.

Luis Gustavo Lorga responde pela presidência do grupo técnico do morango do Pro Metrópole e acompanha todo o trabalho de perto. A intenção é instituir parâmetros de sanidade, estabelecer instrumentos de rastreabilidade, orientações de manejo e higiene para aumentar a renda do produtor e diminuir o uso de insumos químicos.

 

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