A felicidade ao alcance das mãos

* Por Mauro Biazi

16/02/2025 08H08

* Por Mauro Biazi

Era um tempo em que se alcançava a felicidade nas mínimas coisas existentes. Um pente Flamengo no bolso e um espelhinho com a figura de uma mulher atrás, um picolé no fim de semana, a matiné no domingo, uma bola de meia pra chutar num terreno baldio, um cachorro vira-lata no quintal -alimentado, é bom que se registre, com resto de comida- uma escola com carteira compartilhada, um calendário do Biotônico Fontoura na parede da cozinha, um pinguim de cerâmica em cima da geladeira, um amigo com bicicleta pra emprestar, uma revista Sétimo Céu do mês, umas 20 bolinhas de gude, um par de meia encardido, um Bamba com furo no dedão, anoitecer com brincadeiras de rua, uma bola de plástico no Natal, um prato Duralex com maionese da mãe, descida até o Jordão num domingo à tarde pra boiar em câmara de pneu de caminhão, trocar gibis na porta do Cine Guará, uma Pepsi na saída da matiné, missa dominical sem entender patavinas daquele palavrório do padre, uniforme limpo pro 7 de Setembro, pipoca doce no estádio de futebol, o virado de feijão com café preto, assistir uma sessão de circo entrando de ratão, saborear uma Maria Caxuxa no bar da esquina, leitura do Almanaque Renascim, o primeiro perfume Lancaster, um vidro de Glostora pra pentear o cabelo, jogo de varetas da Estrela, chiclete Ploc com figurinhas...

Hoje...bem, hoje a felicidade parece andar distante dos pequenos de agora. Nada parece preencher o vazio existencial de quem nunca saberá que a felicidade de antanho estava na simplicidade, nos pequenos fatos, em diminutos momentos, em reduzidos frascos de consumo.

(Outras centenas de crônicas como esta no livro Era uma vez...em Guarapuava. Preço: 50,00)

Mauro Biazi

Mauro Xavier Biazi, jornalista/escritor/fotógrafo/promotor de eventos culturais/ gastronômicos, e uma infinidade de outras atividades, usa das palavras para rascunhar recortes de uma vida de tantos feitos e fatos.

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