Com destaque para Guarapuava, cevada está com boas perspectivas nesta safra

A Agrária vem expandindo sua área de atuação, promovendo o trabalho do fomento à cevada também no Rio Grande do Sul e Santa Catarina

05/08/2018 13H04

A área de cevada no Brasil tem se mantido em torno de 100 mil hectares nos últimos anos, mas o que define o mapa da produção é o clima. A afirmação é do pesquisador da Embrapa Trigo Euclydes Minella que avalia o cenário como positivo para a cevada semeada há pouco na Região Sul, onde está concentrada a produção.

A expectativa é de pequeno aumento na área de cevada no Brasil, chegando a 123 mil hectares segundo levantamento do IBGE (junho 2018). Contudo, a previsão de clima favorável deverá resultar em rendimento médio acima de 3 mil kg/ha, com um volume de produção estimado em 427 mil toneladas.

A cevada é opção de muito produtores no inverno devido a fatores como liquidez e janela de cultivo. “No sistema de rotação, a cevada é o cereal de inverno que saí primeiro da lavoura, permitindo a semeadura da soja na melhor época”, avalia o pesquisador Euclydes Minella, destacando também vantagens da cevada para melhoria do solo: “o sistema radicular é mais denso, favorecendo a porosidade do solo e trazendo resultados positivos na cultura que vem na sequência”.

Contudo, a liquidez de mercado é o principal atrativo da cevada. As empresas estabelecem contratos de compra com os produtores antes mesmo da semeadura, muitas vezes contando com o fornecimento de insumos. O pagamento tem como referência o trigo, desde que os grãos atinjam o padrão mínimo de germinação de 95% exigido para a indústria de malte. “O produtor sabe o quanto poderá receber com a venda ainda antes do plantio, o que permite ajustar o custo de produção à remuneração acertada para a entrega”, observa Minella.

Entretanto, em função do clima subtropical adverso à produção de cereais de inverno no Brasil, as frustrações de safra também são recorrentes na cevada. O principal desafio é a chuva na colheita, que afeta o teor de germinação dos grãos da cevada cervejeira, desqualificando o produto para a indústria de malte. Nestas condições, os grãos são destinados à alimentação animal, remunerados com, no máximo, 50% do valor da cevada com padrão cervejeiro. “No mundo, 2/3 da cevada produzida tem como destino a alimentação animal.

Porém, no Brasil nós temos opções mais baratas para ração, como o milho que tem potencial de rendimento muito maior e ampla adaptação no território nacional”, explica Minella. Ainda assim, segundo o pesquisador, a destinação da cevada para a produção animal é garantida, principalmente para bovinos, devido ao alto valor proteico dos grãos que pode resultar em melhor rendimento e qualidade do leite.

EM GUARAPUAVA

Enquanto a área final ainda não está definida no Rio Grande do Sul (expectativa de 65 mil ha) e em Santa Catarina (1,3 mil ha), no Paraná a semeadura encerrou com crescimento de 7%, chegando em 54 mil ha. O aumento é resultado do fomento da Cooperativa Agrária, proprietária da maior maltaria da América Latina. Somente para atender a Agrária Malte (Guarapuava, PR), seriam necessárias cerca de 400 mil toneladas de cevada cervejeira. Na AmBev (maltaria em Passo Fundo, RS), a demanda é de 150 mil toneladas de cevada por ano.

De acordo com o departamento técnico da Agrária, 60% dos cooperados cultivam cevada todos os anos, com a cultura inserida, na maioria dos casos, na rotação com trigo e aveia no inverno. “Apesar dos problemas com o clima no ano passado, com seca na implantação da lavoura e chuva na colheita, nossos produtores colheram a média de 3.630 kg/ha com padrão cervejeiro. A qualidade foi satisfatória, mas não atendeu nossa expectativa em quantidade”, conta o engenheiro agrônomo Silvino Caus. Somente na área dos cooperados são cerca de 34 mil hectares com cevada nesta safra, com previsão de chegar aos 4.500 kg/ha na média de rendimentos nas lavouras.

Para atender a demanda da maltaria, a Agrária vem expandindo sua área de atuação, promovendo o trabalho do fomento à cevada também no Rio Grande do Sul e Santa Catarina. “Os cooperados contam com o fornecimento de todos os insumos, o que assegura os bons resultados em qualidade e quantidade. Porém, o fomento também acontece junto a outros produtores, não cooperados, que não recebem os insumos, mas estabelecem contratos de compra com a cooperativa”, explica Caus.

CULTIVARES

Para assegurar a uniformidade dos lotes que chegam à indústria, o setor produtivo trabalho com um número reduzido de cultivares, definidas pelas empresas através do fomento, que avalia a melhor alternativa para fabricação de diferentes produtos.

Nesta safra, estão em cultivo materiais da Embrapa (BRS Cauê e BRS Brau na Região Sul; e BRS Sampa e BRS Itanema nos cultivos irrigados de SP, GO e MG); e da FAPA/Agrária (Ana 1, Ana 2, Irina e Daniele).

“A escolha da cultivar é determinada pela indústria junto com o produtor, registrada no contrato de compra e venda. Isso garante as características dos lotes destinados à fabricação da cerveja”, conclui Euclydes Minella, da Embrapa Trigo.

(Fonte: Embrapa)

 
 
 

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