O desfile da brasilidade e da moda instagramável.
* Por Expressiva Modas
Entre os dias 31/05 e 04/06 aconteceu o evento de moda mais importante da América Latina, o São Paulo Fashion Week. Ganhando cada vez mais visibilidade ao longo das edições, o circuito de São Paulo atrai olhares do mundo todo e coloca a moda brasileira em pauta, abrindo a rodada de desfiles e apresentações de semana de moda, muitas vezes sendo colocada como a quinta passarela das Fashion Weeks. O fato é que vimos uma moda autêntica, cheia de tendências, que briga por espaço e visibilidade, começando por conquistar o brasileiro.
Já faz uns bons anos que a SPFW tem despertado a curiosidade do grande público – que entendemos como aquele público que não consome/trabalha com moda diretamente – trazendo luz à grandes nomes e estilistas brasileiros, valorizando cada vez mais nossa própria criação. Em 2020, o evento foi organizado de forma virtual e um dos desfiles que mais chamou atenção foi o que teve a apresentação de dois influencers, Léo Picon e Bianca Andrade. A escolha dos dois para apresentar o desfile gerou muitos comentários e indignação, mas também atraiu um público que furou a bolha fashionista e assistiu a um desfile de moda pela primeira vez, por exemplo. Com uma leitura cada vez mais fácil e dinâmica da passarela, as marcas e o evento em si se adaptam a cada nova edição para atrair mais público consumidor em potencial.
Na sua 53° edição, cujo tema principal que liga a todos os desfiles, shows e eventos é IN-PACTO, nós vemos uma celebração à diversidade, fazendo uma ode a inclusão de corpos, cores, tamanhos e pessoas, seguindo muito na linha do que já foi apresentado na edição passada e fez um relativo sucesso, “furando a bolha” como tem sido proposto nos últimos meses. Na 52° edição, vimos alguns convidados entre as filas A do evento serem influencers que falam sobre moda de uma maneira mais conteudista, apresentando marcas, tendência, realmente trabalhando com informação e saindo do convencional. Isso fez com que seus seguidores voltassem seus olhos para a passarela brasileira e aumentassem o hype de marcas como Misci e Alexandre Pavão, por exemplo, que tiveram peças esgotadas em questão de horas após as apresentações das coleções.
Em uma tentativa de repetir o feito e buscar abraçar novos consumidores, esse ano a presença não se resumiu a influencers do nicho de moda, mas foram convidados para os desfiles rappers, ex participantes de realitys, cantores que dividiram o palco com modelos apresentando um conceito de moda mais palpável, mais acessível, mais real. E a estratégia teve êxito em até certo ponto, pois os comentários acerca da escolha do casting para os desfiles foi o burburinho inicial para que a internet prestasse atenção ao evento. Críticas? A debandada. Mas as pessoas começaram a prestar atenção.
Se questionou muito o fato de estarem desfilando pessoas que definitivamente não estão preparadas para isso, sem saber desfilar, manter a postura ou valorizar a produção que estava sendo apresentada. Evidentemente, essas pessoas foram escolhidas única e exclusivamente para atrair olhares. Não vamos entrar no mérito de ter sido ou não uma boa escolha, ser justo ou não, mas precisamos salientar o fato de que essa escolha prejudicou muitos modelos brasileiros em início de carreira em busca de uma oportunidade de brilhar. A própria Gisele Bündchen começou a atrair olhares depois de desfilar para a gigante Colcci, e daí para as passarelas de Alexander McQueen, foi um passo.
As tendências apresentadas no SPFW surgiram fortes, brasileiras, marcadas pela inovação e por pensar além do que foi inicialmente proposto. Coleções lindas, coesas, bem estruturadas chamaram atenção para além dos rostos desfilando, com marcas estreantes ganhando um espaço muito importante no cenário fashion nacional e internacional. A principal preocupação que foi vista em toda as apresentações foi justamente ligar a moda à realidade, seja com manifestações políticas, exaltando a brasilidade, a diversidade étnica da miscigenação brasileira ou associando as marcas aos rostos conhecidos e queridos pelo público.
As coleções não deixaram nada a desejar, apostando em tons de vermelho e azul royal, inspirando-se no movimento do mar, na alfaiataria de tons vivos, na estamparia do sertão e na alegria e abundância dos volumes, uma brincadeira entre elementos clássicos da moda com um toque tão brasileiro que nos sentimos abraçados, cada vez mais, pelos estilistas e trabalhos apresentados. A nossa moda é riquíssima, de suma importância para o cenário internacional e tem um sabor a mais ver a consagração da SPFW como a quinta passarela do circuito internacional.
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