ALERTA: apenas um em cada 20 casos de abuso de crianças em Guarapuava é denunciado

18 de maio é o Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes

16/05/2018 16H48

Os casos de abuso sexual contra crianças e adolescentes não escolhem classe social, cor ou religião. Eles podem estar muito mais perto do que você imagina e, na grande maioria dos casos, são “abafados” pelas famílias envolvidas.

De acordo com dados do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) de Guarapuava, apenas um cada 20 casos de violência sexual contra crianças e adolescentes em Guarapuava é denunciado. “Na maioria dos casos, os agressores dominam psicologicamente e financeiramente a família onde ocorreu o caso. Existe violência psicológica, além da sexual envolvida. Nesses casos, o agressor mantém a família financeiramente e faz ameaças à mãe e à vítima, para que não denunciem. Vale destacar, que a maioria das denúncias de abusos é feita pelos professores, que notam essas mudanças de comportamento das crianças e adolescentes na escola”, explica a assistente social Luciele Henrique, que também é a coordenadora da Proteção Especial em Guarapuava.

Conforme a assistente social, os casos de abuso sexual têm maior evidência durante as campanhas, que incentivam as denúncias. “Quando o problema tem maior visibilidade, as pessoas envolvidas se encorajam e denunciam. Por isso, as campanhas que tratam principalmente do esclarecimento dessa forma de violência, são fundamentais para que os casos sejam combatidos e os agressores sejam penalizados judicialmente”, enfatiza.

Em média, por semana, quatro novos casos são encaminhados para atendimento em Guarapuava. “São crianças e adolescentes que têm danos psicológicos que vão carregar para o resto da vida. Por isso é muito importante que as famílias procurem auxílio para quem foi abusado o mais urgente possível”, acrescenta Luciele.

ATENTOS À MUDANÇA DE COMPORTAMENTO

Muitos casos de abuso não são denunciados porque as crianças e adolescente têm medo do agressor. “Nesses casos, é muito importante que a mãe, principalmente, fique atenta às mudanças de comportamento, como dor abdominal; dor ao urinar, doença sexualente transmissível; dificuldade para dormir ou insônia. Em qualquer mudança de comportamento, é muito importante que ela tente descobrir o que está acontecendo. O encaminhamento do abusado para tratamento é fundamental para que as sequelas sejam minizadas pelo máximo”, alerta.

Em casos de suspeita de abuso sexual, o Conselho Tutelar e a polícia devem ser imediatamente comunicados. “O primeiro depoimento da criança ou adolescente sobre o abuso é muito importante. Com o passar dos dias, essa versão pode ir mudando, principalmente pela pressão do agressor. Por isso, tão logo alguém saiba do caso de abuso, deve denunciar e procurar ajuda”, finaliza Luciele.

DIA NACIONAL

Esta sexta feira (18 de maio) é o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual Contra Crianças e Adolescente. Para marcar a data em Guarapuava, durante todo o dia haverá uma programação aos profissionais envolvidos com o setor na Faculdade Guairacá.

Na parte da manhã haverá uma mesa redonda , que debaterá a visão multiprofissional dos casos de abusos. À tarde, duas palestras complementarão a programação.

HOMENAGEM

O dia 18 de Maio foi escolhido para marcar a data porque, neste dia, em 1973, uma menina capixaba de Espírito Santo (ES) foi sequestrada, espancada, estuprada, drogada e assassinada numa orgia imensurável. Seu corpo apareceu seis dias depois, desfigurado por ácido. Os agressores jamais foram punidos.

O movimento em defesa dos direitos de crianças e adolescentes, após uma forte mobilização, conquistou a aprovação da Lei Federal 9.970/2000, que instituiu o 18 de maio como o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual contra Criança e Adolescente, com o objetivo de mobilizar a sociedade brasileira e convocá-la para o engajamento pelos direitos de crianças e adolescentes e na luta pelo fim da violência sexual.

Portanto, este é um dia em que toda a população do Brasil deve se manifestar contra a violência sexual cometida contra crianças e adolescentes.

 

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